sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Discriminação e Preconceito

Começemos pela Convenção Internacional Sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial, no seu artigo 1o., que conceitua discriminação como sendo "Qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha o propósito ou o efeito de anular ou prejudicar o reconhecimento, gozo ou exercício em pé de igualdade de direitos humanos e liberdades fundamentais no campo político, econômico, social, cultural ou em qualquer outrodomínio da vida pública". O preconceito é o fruto da discriminação. Nosso grande problema: não discriminar! Mas qual a base da discriminação? Porque alguém, em sã consciência, discrimina o outro, seu semelhante?
Podemos argumentar que a palavra semelhante tem significações diferentes aqui, ou melhor, focos diferentes. Quando dizemos que alguém ou que somos todos iguais, logo, visualmente nos deparamos com um fato: o de que todos somos diferentes uns dos outros em ações, gestos, atitudes e pensamento. Como não discriminar, sendo que uma das atitudes essenciais do ser humano é justamente a busca por um grupo social no qual se entrosar? Como não estabelecer diferenças se diferenças há e são visiveis e patentes?
A mera percepção sensível da diferença não basta para estabelecermos as diferenças e iniciarmos a discriminação. Há ai a necessidade de valorar certas coisas, ou seja, estabelecer uma certa extratificação de valores. Neste sentido, a cor, a raça, a opção religiosa ou outra atitude ou situação que propicie o estabelecimento de uma diferenciação acaba por fazer surgir um valor que um indivíduo, grupo ou instituição passa a valorar. 
Estes são melhores que aqueles, ou esses são mais puros que aqueles e assim vai por diante. Nem a ficção escapa disto quando vemos em uma HQ, como Ex-Men, em que os seres humanos normais discriminam os mutantes e mutantes se diferenciam entre si também ao optarem por uma convivência pacífica ou não com os humanos ditos normais. A discriminação, assim como as diferenças, são visíveis.
Além de se tornerem visíveis são decantadas em valores que passam a integrar a cultura de certo lugar e época. 
Atualmente vivemos um período em que muitas atitudes discriminatórias deixam de provocar o preconceito, a segregação e o dano. Ao discriminar e aceitar a diferença como parte da vida humana, o racismo, a homofobia e tantos outros têm desaparecido ou diminuido radicalmente. 
Porém, temos que ter a percepção de que discriminar, ou seja, observar diferenças faz parte do humano que existe entre nós pois somos realmente diferentes e a questão se dirige-se, portanto, para pelo menos dois caminhos: conseguiremos abarcar todas as diferenças criando uma mentalidade inclusiva, uma cultura de aceitação das diferenças; ou apenas canalizaremos a aceitação de determinada diferença para a não aceitação de outras que vem surgindo com as transformações sociais e o avanço tecnológico?
Estamos realmente falando em uma evolução da mentalidade humana ou falamos em apenas uma adaptação acidental a determinados padrões hora impostos por uma sociedade que busca determinadas características, afastando e discriminando( gerando preconceito) outras características não interessantes ao funcionamento deste sistema?